Portal de Eventos da ULBRA., XXI FÓRUM DE PESQUISA CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA

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TRABALHO PRECARIZADO E EDUCAÇÃO PROFISSIONAL
Rodrigo Klassen Ferreira, Karla Saraiva

Última alteração: 08-11-2021

Resumo


Desde o século XIX, quando se institui na Europa a escola pública, a educação foi utilizada como um instrumento para forjar os trabalhadores. O mundo do trabalho mudou, mas a relação com a educação ainda é a mesma. O objetivo da pesquisa é mostrar as inflexões na organização do trabalho desde o início do século XXI e seus efeitos na educação profissional, com especial atenção ao Ensino Médio Integrado (EMI), ofertado pelos Institutos Federais, que consiste em uma proposta curricular para proporcionar formação profissional juntamente com o Ensino Médio regular. Isso consiste em uma inovação, pois visa a superar a histórica hierarquização de ensino propedêutico e ensino técnico, permitindo aos egressos tanto a entrada no mercado de trabalho, como a continuidade dos estudos em nível superior. A pesquisa foi desenvolvida por meio da análise de um conjunto de materiais que reúne documentos legais e o projeto político-pedagógico do EMI. As análises foram desenvolvidas evidenciando-se dois movimentos. Primeiramente, a criação dos Institutos Federais e do EMI no Governo Lula, que estaria articulada com uma racionalidade baseada no que Lazzarato e Negri (2001)[1] denominam de trabalho imaterial. Esse tipo de trabalho se caracteriza por uma fraca necessidade das forças do corpo e pelo intenso uso das capacidades do cérebro, demandando trabalhadores com uma formação técnica mais aperfeiçoada e com capacidades como flexibilidade e proatividade. Em seguida, o processo de enfraquecimentos destes Institutos no Governo Bolsonaro, que poderia ser associada com uma crescente uberização (SLEE, 2017)[2] do trabalho. Nesse caso, os trabalhadores atuam em ambientes altamente precarizados, regulados por plataformas e desregulados pela legislação. Esse trabalhador necessita uma capacidade cognitiva muito inferior àquela dos que exercem o trabalho imaterial, o que permite que sua formação também seja precarizada. As análises mostram que uma mudança de ênfase do trabalho imaterial, com forte uso das capacidades intelectuais, para um trabalho precarizado, que mobiliza sobretudo as forças do corpo, sinalizando diferentes formas de pensar o sistema produtivo do país, produz efeitos no campo da educação profissional.

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