Portal de Eventos da ULBRA., XXIII FÓRUM DE PESQUISA CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA

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EDUCAÇÃO E TECNOLOGIAS DIGITAIS: A CULTURA DIGITAL NO CURRÍCULO DO NOVO ENSINO MÉDIO NO RIO GRANDE DO SUL
Marília Müller Blank, Karla Saraiva

Última alteração: 30-10-2023

Resumo


O Novo Ensino Médio é composto por componentes curriculares e itinerários formativos orientados pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC), dentre os quais situa-se a temática da cultura digital. Conforme as diretrizes da BNCC, constitui-se o Referencial Curricular Gaúcho para o Ensino Médio (RCGEM) (2021) e a Matriz Curricular do Ensino Médio no Rio Grande do Sul (2023). O objetivo deste trabalho consiste em problematizar a cultura digital no currículo do Ensino Médio gaúcho, tensionando as relações produzidas entre saberes, identidades e poder. Foram utilizados os documentos supracitados, analisando-os à luz da noção de currículo e da teorização sobre a governamentalidade neoliberal. Entende-se o currículo como uma seleção de conhecimentos e saberes considerados importantes, descrevendo o tipo de ser humano desejável, em uma relação de poder. Pelo currículo, nos tornamos o que somos. Por isso, o currículo implica identidade (Silva, 1999). Na racionalidade neoliberal, os saberes e verdades tem como base a concorrência em conformidade com os preceitos empresariais. Nos elementos textuais analisados, enfatiza-se a utilização de tecnologias digitais no exercício do protagonismo (Brasil, 2018); o protagonismo e a criatividade dos estudantes (Rio Grande do Sul, 2021) e; a superação de desafios, proatividade, empreendedorismo, perseverança, adaptação de metas e realização de projetos pessoais e produtivos (Rio Grande do Sul, 2023). Desse modo, considerando as políticas educacionais como mecanismos da governamentalidade neoliberal (Dourado e Sales, 2022), conclui-se que os documentos indicam a produção de um sujeito neoliberal. Assim, uma vez que a escola é produzida pela sociedade e produtora dessa mesma sociedade (Veiga-Neto, 2008) e, que somos afetados, através dos saberes mobilizados no currículo, pelo que aprendemos na escola e pelo ensinamos (Bujes, 2008), é válido questionar para quem e para o que as práticas curriculares produzem, frente à expansão de trabalhos não regulamentados, pautados na lógica da concorrência individual e na meritocracia.


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