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O corpo negro no contexto brasileiro tem sido historicamente sujeito a diversos graus de dominação, com a natureza dessa opressão acentuada ao longo do tempo. Atualmente, um dos principais mecanismos de controle do Estado, é a atuação policial. Portanto, ao discutir a questão da violência policial no Brasil, inevitavelmente, estamos tratando também das experiências das juventudes negras. Neste texto, recorte de pesquisa de Mestrado em andamento, interessa-nos compreender narrativas midiáticas sobre ser jovem negro. Para tanto, foram reunidas cinco matérias publicadas no portal de notícias G1, abordando o incidente do sequestro do ônibus 174, – ocorrido no Rio de Janeiro no ano de 2000, tendo sido amplamente divulgado pela mídia e ao qual posteriormente virou tema de documentário e filme – culminando com a morte do jovem Sandro e de sua refém. Nessa direção, o Rio de Janeiro é considerado, neste texto, um território em constante disputa, marcado pela presença de um estado necropolítico, conforme conceituado por Mbembe (2013). Partindo desse pressuposto e amparado na perspectiva teórica dos Estudos Culturais em Educação, tomamos o conceito de pedagogia cultural, potente ferramenta teórica utilizada a fim de apontar como os processos de ensino ocorrem a partir de outros aparatos midiáticos, ensinando novos jeitos de ser e estar no mundo, neste caso, como ser jovem e negro no Rio de Janeiro. Sob essa perspectiva, contribuições teóricas de autores como Perondi e Vieira (2018), Vargas (2017), Fischer (2016), Mbembe (2013), Camozzato e Costa (2013), entre outros, são centrais. A metodologia pautou-se na análise cultural, compreendendo as notícias da mídia como artefatos culturais, assumindo que a cultura é central – tanto do ponto de vista conceitual, quanto do ponto de vista empírico – na criação daquilo que chamamos de “realidade”. As análises abrangem três grandes eixos: juventude(s), território e mídia. O pano de fundo dessa trama trata da história do sequestro em paralelo à história da vida do jovem Sandro, intercalando imagens que a mídia fez da ocorrência policial. As narrativas da mídia sobre o fato o revelam como um típico menino de rua, carioca, constituindo-o enquanto sujeito marginalizado e criminoso. Além disso, acentuam posicionamentos relacionados ao jovem negro enquanto um não-ser, apontando para os possíveis resultados da negligencia do Estado necropolítico no cotidiano das juventudes negras.

Palavras-chave: Juventude(s) negra; território; mídia; Estudos Culturais.