Portal de Eventos da ULBRA., XIX FÓRUM DE PESQUISA CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA (CANOAS)

Tamanho da fonte: 
DISTRIBUIÇÃO DO JAVALI ASSELVAJADO COM BASE NOS RELATÓRIOS DE MANEJO DA ESPÉCIE EXÓTICA INVASORA NO RS
Inaiara Padilha Motta, Eliane Fraga Silveira

Última alteração: 10-09-2019

Resumo


O fenômeno das invasões biológicas é considerado pela IUCN (World Conservation Union) (1999) uma das principais causas de perda da diversidade biológica, apresentando-se atualmente como primordial desafio à gestão do território, principalmente, pelas elevadas perdas econômicas ou custos associados ao controle que este processo pode implicar. A espécie, Sus scrofa, conhecida popularmente como javali, merece destaque, considerando sua capacidade de invasão, dispersão, impactos provocados ao ambiente e os riscos atrelados à saúde e economia. As perturbações causadas são consequências das vantagens competitivas e favorecidas pela inexistência de predadores na área de invasão possibilitando a propagação e a ocupação dos ambientes sejam eles naturais ou antropizados. A presença do javali em vida livre é relatada por produtores rurais em muitos municípios do Rio Grande do Sul, no entanto, o único dado oficial para inferir sobre sua distribuição e monitorar o processo de invasão está baseado nos relatórios de manejo enviados trimestralmente ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA). Estes são fornecidos pelos controladores cadastrados, conforme determina a Instrução Normativa nº 3 (janeiro/2013). A pesquisa buscou inferir sobre a distribuição do javali (S. scrofa) no RS, com base nos registros de manejo, no período de 2017 e 2018. A análise decorreu de 120 relatórios referentes ao período analisado de janeiro a dezembro. Como resultado, os dois anos de análise registraram manejo em 24 municípios, desses, 38 distintos e 10 coincidentes, contabilizando 501 animais manejados para o período, sendo que, em 2017 com 224 indivíduos e, em 2018 foram 277. O município que apresentou maior número de ocorrência da espécie alvo foi o Alegrete, que totalizou 45 indivíduos em 2017. A cidade de Rosário do Sul ficou à frente com 75 espécimes abatidas em 2018. De um ano para outro, 14 municípios que não haviam apontado manejo da espécie informaram o abate através dos relatórios, o que pode representar um aumento de aproximadamente 39% na ocupação territorial. Em 12 municípios que em 2017 haviam relatado manejo, em 2018 não registraram. Nas localidades que registraram manejo nos dois períodos, em geral não foi possível identificar redução significativa na ocupação do javali. Com base nesse resultado prévio, pode-se depreender que o javali tende a realizar uma “fuga geográfica” daqueles municípios com esforço de busca, o que pode estimular a conquista de novas áreas. O emprego de outro método, como por exemplo, armadilha do tipo curral ou jaula, pode representar um determinante na dispersão da espécie e no aumento da captura, tendo em vista a possibilidade de suprimir mais de um animal por vez. É evidente a necessidade de estudos mais aprofundados tanto em relação ao período da análise quanto nas possíveis interferências que resultam na presença do javali no Rio Grande do Sul, para então presumir que há uma efetiva gestão de território. Diante da problemática consoante a presença dessa espécie exótica invasora, o manejo nas áreas de ocorrência se torna fundamental para conter a expansão territorial e demográfica do javali no Rio Grande do Sul, reduzindo seu impacto ambiental e danos socioeconômicos.

 


Texto completo: POSTER