Portal de Eventos da ULBRA., XIX FÓRUM DE PESQUISA CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA (CANOAS)

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CARACTERIZAÇÃO DO PERFIL GENOTÓXICO DE PRODUTOS DO METABOLISMO DE CIANOBACTÉRIAS
Cynthia Porta, Jordana da Rosa, Ana Paula de Souza, Mauricio Lehmann, Rafael Dihl

Última alteração: 10-09-2019

Resumo


A contaminação dos recursos hídricos acelera o processo de eutrofização que, consequentemente, aumenta o custo do tratamento da água de abastecimento, causa prejuízos relacionados à saúde humana e favorece o crescimento exagerado de cianobactérias, as chamadas florações. Nestas condições, ocorre a liberação, no ambiente aquático, de metabólitos secundários, como as cianotoxinas. Estas toxinas podem alterar a biota aquática, resultando em efeitos tóxicos também para os mamíferos terrestres. A intoxicação humana pode ocorrer por contato em atividades de recreação, pelo consumo de pescado contaminado ou, principalmente, pela ingestão oral de água sem um tratamento adequado para remoção das toxinas. No Brasil tem ocorrido aumento da frequência de Cylindrospermopsis raciborskii, produtora de saxitoxinas, o que torna de extrema importância a análise do grupo de neurotoxinas produzidas por esta espécie. Considerando a escassez de informações relativas aos efeitos biológicos da saxitoxina (STX), o presente estudo avaliou a citotoxicidade e mutagenicidade de STX obtida de cultura de Cylindrospermopsis raciborskii. Neste estudo foi empregado o teste de micronúcleos com bloqueio da citocinese (CBMN) em células de glioblastoma humanas U-87MG. O teste CBMN baseia-se na identificação de fragmentos cromossômicos ou de cromossomos inteiros que não estão integrados ao conjunto de cromossomos de uma célula, formando, assim, um pequeno núcleo individual, chamado micronúcleo (MN). A análise de MN é usada como padrão de mutações cromossômicas em organismos eucarióticos. Quanto à indução de alterações cromossômicas, as células U-87MG foram expostas às concentrações de 0,3125 - 10 µg/L durante 24 h. Com base nos resultados foi possível observar que as maiores concentrações de STX (2,5; 5,0 e 10 µg/L) aumentaram significativamente a frequência de MNs, apresentando, inclusive, uma relação dose efeito, quando comparado ao controle negativo. Por outro lado, não foi observado aumento significativo nas frequências de PN e BrN.  A citotoxicidade foi avaliada por meio do IDNC, que leva em consideração a frequência de células mono e multinucleadas, apoptóticas e necróticas. Os resultados apontaram para a ausência de ação citotóxica da STX nas concentrações testadas. Com base nos resultados deste estudo e na literatura científica, a provável produção de EROs nas células de glioblastoma humano U-87MG, após exposição à STX, poderia explicar o aumento observado na frequência de MN.

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