Portal de Eventos da ULBRA., XXIII SALÃO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA

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FUMICULTURA E EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL A AGROQUÍMICOS: RELAÇÃO ENTRE DANOS AO DNA E GENES DE SUSCETIBILIDADE INDIVIDUAL
Juliana Picinini, Vivian Kahl, Daniel Simon, Juliana da Silva

Última alteração: 14-09-2017

Resumo


O Brasil é o segundo maior produtor de tabaco no mundo, sendo essa cultura extremamente importante para a economia do país. Entretanto, a mesma oferece riscos à saúde dos produtores agrícolas, pois requer uso de diferentes agroquímicos durante toda a safra para proteger as lavouras contra insetos e doenças. Os mesmos são aplicados através de bombas costais e sem o devido uso de equipamentos de proteção individual (EPI) e, ainda, os fumicultores fazem misturas desses químicos, baseados em seus conhecimentos empíricos e sem observar as doses e recomendações dos fabricantes. A exposição crônica dos fumicultores a esses agentes leva a uma desregulação do processo inflamatório e ainda oferece uma predisposição para diferentes tipos de câncer, alergias e doenças autoimunes. Sendo assim, o presente estudo teve como objetivo analisar dados obtidos pelo teste CBMN (teste de micronúcleos por bloqueio de citocinese), avaliando a presença de células com NPB (ponte nucleoplasmática) e MN (micronúcleo) assim como os níveis séricos de marcadores inflamatórios IL-6 (interleucina 6) e TNF-α (fator de necrose tumoral alfa) tanto em indivíduos expostos a agroquímicos (fumicultores) quanto em indivíduos controles. Ainda, foi feita uma abordagem entre os resultados obtidos de ambos os grupos com a suscetibilidade individual de dois genes de reparo por excisão de base (BER): OGG1 e XRCC1. A população estudada foi composta por 220 indivíduos, sendo 91 não expostos e 129 ocupacionalmente expostos a agroquímicos nos campos de fumo, na região do Vale do Rio Pardo, RS. Para o ensaio CBMN, culturas de sangue total foram incubadas e a citocalasina-B foi adicionada. Os linfócitos foram isolados, transferidos para lâminas e estas foram coradas, analisando-se 1000 células binucleadas por indivíduo e avaliando-as quanto à presença de NPB e MN. A dosagem sérica das citocinas IL-6 e TNF-α foi determinada por kits de ELISA. O DNA genômico foi isolado a partir de sangue total pelo método de salting-out. Os polimorfismos OGG1 e XRCC1 foram genotipados e clivados e os genótipos foram identificados utilizando um gel de poliacrilamida e corados com nitrato de prata. Em relação aos fumicultores, quando comparados ao grupo controle, foi observado aumento significativo de NPB, o qual foi influenciado pelo alelo OGG1 Cys/-. Fumicultores ainda apresentaram aumento significativo de MN e dos níveis séricos de IL-6 e TNF-α. Os resultados obtidos nesse estudo demonstram evidências de danos genotóxicos devido à exposição ocupacional ao longo prazo por agroquímicos, associados a marcadores do sistema imune em agricultores de lavouras de fumo. Portanto, torna-se cada vez mais evidente que essas populações precisam ser biomonitoradas e que o uso de EPI na sua forma completa é imprescindível durante a manipulação dos agroquímicos e durante toda a safra.

Palavras-chave


Teste CBMN; gene OGG1; gene XRCC1; marcadores inflamatórios.

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