Portal de Eventos da ULBRA., XXV SALÃO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA

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A NOÇÃO DE CIDADÃO E CIDADANIA NA REVISTA BRASILEIRA DE ESTUDOS PEDAGÓGICOS (1944-1949)
Karla Saraiva, Gabriel Laux

Última alteração: 10-09-2019

Resumo


A noção de cidadania está profundamente imbricada com o campo educacional desde a Modernidade. Contudo, seu significado é cambiante ao longo do tempo. O artigo, parte de um projeto mais amplo, propõe-se a realizar um estudo de inspiração genealógica (FOUCAULT, 1993)[1] sobre a noção de cidadão e cidadania em nosso país no período compreendido entre 1944 e 1949, tomando como material empírico a Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos (RBEP). A pesquisa se desenvolve a partir de uma análise discursiva foucaultiana (SARAIVA, 2009)[2], realizando uma leitura monumental. De acordo com este autor, discurso refere-se a um conjunto de enunciados que produz os regimes de verdade que tornam inteligível a realidade. Operou-se sobre o material empírico a partir de uma busca dos termos cidadão e cidadania, realizando-se a extração de excertos para constituir o corpus de análise. Em um movimento analítico preliminar, construíram-se quatro focos de análise. O primeiro deles, cidadão a serviço da pátria, refere-se a um conjunto de enunciados que liga cidadania à ideia de prestação de determinados serviços voluntários para o desenvolvimento da nação. O segundo foco de análise foi denominado cidadão de direitos e deveres e refere-se a enunciados que apresentam o cidadão como alguém que tem direitos civis e também deveres com sua pátria. A seguir, o terceiro foco, intitulado cidadão protagonista, problematiza enunciados em que aparece reinvindicações oriundas da população em relação a questões educacionais. O último foco, cidadão em projeto, trata de um cidadão que apresenta aspirações de um determinado projeto nacional e empenhas em sua consecução. Deste modo, é possível concluir que neste período a cidadania estava ligada a um projeto de nação em que se esperava a participação da população, tanto na construção de uma conformação desejável para o país, quanto em sua implementação. O aspecto relativo aos direitos do cidadão, embora presente, aparece com muito menor ênfase, sinalizando a ideia de uma cidadania fortemente embasada em deveres e na ideia de colaboração na constituição de uma pátria.

[1] FOUCAULT, Michel. Microfísica do Poder. 11ª ed. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1993.

[2] SARAIVA, Karla. Diário de uma pesquisa off-road: análise de textos como problematização de regimes de verdade. In: FERREIRA, Taís; SAMPAIO, Shaula M. V. (org) Escritos metodológicos: possibilidades na pesquisa contemporânea em educação. Maceió: EDUFAL, 2009, p.13-33.


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