Portal de Eventos da ULBRA., XXVII SALÃO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA

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UMA ANÁLISE DOS JOVENS DO PROGRAMA ACELERA E O CAMINHO DO ENSINO MÉDIO
Diessica Rodrigues, Juliana Vargas

Última alteração: 03-12-2021

Resumo


O presente trabalho foi elaborado em consonância com o projeto de pesquisa “Projeto Acelera e Ensino Médio: Mapeando trajetórias de jovens estudantes” tendo como aporte teórico os Estudos Culturais em Educação e Estudos sobre Juventude. O objetivo é analisar as possíveis dificuldades na escolarização de estudantes da rede pública do município de São Leopoldo (RS). De modo mais específico, as barreiras do Novo Ensino Médio para jovens do Programa Acelera. O Acelera compreende uma forma de resgate dos alunos com desvio idade/série nos anos finais do Ensino Fundamental, com turmas diferenciadas e dois docentes atuando inter e transdisciplinarmente. A metodologia aqui será baseada na análise documental das definições do Novo Ensino Médio, que foi instituído pela Lei nº 13.415/2017, tendo como uma das suas justificativas o combate à evasão ao promover um protagonismo estudantil e flexibilização do currículo, (re)estrutura a educação nesta etapa de ensino através da proposição de mudanças no currículo e do aumento da carga horária. Antes de tudo, é preciso pensar que na educação a passagem do Ensino Fundamental para o Ensino Médio compreende um dos mais representativos “gargalos”, muitos jovens nem chegam a se matricular na próxima etapa escolar. Ainda, conforme o Censo de 2020, os índices de evasão nas redes públicas de ensino compreendem a 11,2% no 1° ano, 10,1% no 2° ano e 5,8% no 3° ano³.  Não podemos deixar de ressaltar que a “venda” da ideia de protagonismo juvenil vem para atender as demandas de um mercado que exige profissionais mais autônomos, donos de si. Uma das chamadas dessa nova reforma é a da escolha do itinerário de formação pelo estudante, contudo, essa ideia é barrada quando é necessário adequar-se à oferta da sua região, que algumas vezes possuem uma ou duas escolas de Ensino Médio, o que provocaria o deslocamento a outra região. Muitas escolas hoje funcionam nos três turnos, o que dificultaria, fisicamente, qualquer aumento da carga horária e tornando essencial a ampliação da infraestrutura e dos profissionais, além disso, dificulta para o estudante que precisa trabalhar. Os jovens do Acelera são maiores de 15 anos e muitas vezes o seu trabalho é necessário para a família, a atual reforma pode inviabilizar a continuidade desses jovens, que já foram resgatados pelo programa. Acreditamos que esses jovens, que já sofreram com os impactos no seu fluxo de escolarização, com defasagens no ensino, serão os mais afetados. Em um país que se estruturou historicamente pelo atraso e exploração, a educação de qualidade se torna um privilégio que será agravado entre a grande diferença de conhecimento da rede pública para a privada. Ao abandonar a escola a maioria dos jovens acabam em subempregos, com a urberização do trabalho essas taxas tendem a crescer. Entendemos a educação como direito básico à cidadania para que o jovem compreenda o mundo ao seu redor, sem levar uma vida de exclusão.



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