Portal de Eventos da ULBRA., XXVII SALÃO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA

Tamanho da fonte: 
ALICE, A MENINA QUE “FALA DIFÍCIL”: INFÂNCIA COMO FORMA DE CONSUMO
Hugo Oliveira, Carin Klein

Última alteração: 03-12-2021

Resumo


Este artigo tem como objetivo principal analisar a infância, em meio às relações de consumo, posta em circulação, a partir dos vídeos divulgados da menina Alice, de dois anos, que fala palavras difíceis. O estudo realiza-se a partir dos campos teóricos dos Estudos Culturais em Educação e dos Estudos da Infância, que se aproximam da vertente pós-estruturalista. Propomos desenvolver uma discussão sobre a infância que afasta de naturalizá-la como um período de desenvolvimento cronológico e linear, romantizada ou, ainda, ligada a um ideal de pureza e inocência. Tampouco pretendemos moralizá-la em nome de preceitos valorosos ou conservadores que a tomam como um universal. Pretendemos, principalmente, olhar para algumas tensões que as cercam, verdades e/ou esquemas que se produzem entorno delas, interesses ligados à sua exposição e ao mercado que a posicionam em um lugar central na cultura contemporânea. Para a realização das análises foram selecionados e descritos três vídeos da menina que ficou famosa na web, após sua mãe postar os vídeos dela repetindo palavras como “estapafúrdia” e “proparoxítona”, além de alguns comentários dos internautas, veiculados ao longo de 2021. Vale dizer que muitas crianças já nascem inseridas em um contexto tecnológico, de rápida informação e comunicação tornando-se muitas vezes, as personagens principais de uma cultura participativa (JENKINS, 2009). Ao analisarmos os vídeos da menina Alice e tomá-los como artefatos culturais somos convocados/as a refletir sobre os processos que as envolvem e as interlocuções que estabelecem. Nesse sentido, a discussão analisa a forma com a representação da menina Alice, pode ser acionada enquanto celebridade, além de associá-la a estratégias de marketing e divulgação de determinados produtos da cultura. Torna-se emblemático que mesmo contando com mais de um milhão de seguidores, sua mãe reforça que a menina não consome nenhum tipo de tecnologia como o uso de celulares e televisão. Destacamos que a mídia e o consumo fazem parte do cotidiano da infância contemporânea, expondo-as a cultura do sucesso, em que as crianças são direcionadas a obter notoriedade, dinheiro e reconhecimento. Algumas indagações nos cercam até aqui? Será que a divulgação dos vídeos da menina Alice que fala palavras difíceis é um consenso ou referência entre as demais crianças de dois anos? Será que essa representação de inteligência e/ou fofurice educa e repercute sobre os cotidianos de outras crianças? Essas são algumas perguntas que movem nosso estudo sobre a infância atravessada pelas mídias sociais e pelo mercado.


Texto completo: Banner  |  Texto