Portal de Eventos da ULBRA., XVIII SALÃO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA

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A PEDAGOGIA DA MÍDIA E A CONSTRUÇÃO REPRESENTACIONAL DA MEDICALIZAÇÃO NA CONTEMPORANEIDADE
Danielle Schutz, Daniela Ripoll

Última alteração: 23-10-2012

Resumo


Os diversos artefatos midiáticos disponíveis nos dias de hoje, tais como revistas, jornais, sites ou textos jornalísticos, nos apresentam, continuamente, uma questão que vem sendo discutida por muitos pesquisadores em variadas áreas do conhecimento: a medicalização da sociedade. Com base nas ideias de Peter Conrad (2007), a medicalização é um processo pelo qual problemas não médicos passam a ser tratados como enfermidades e desordens. Nesse sentido, trata-se da rotulagem dos seres humanos como portadores de patologias diversas (hiperatividade, bipolaridade, depressão, ansiedade etc.), sendo então responsabilizados pela própria saúde, pela própria doença e, também, pela própria cura – que pode ser obtida através de remédios, mudanças de estilos de vida e dos comportamentos tidos como arriscados pelos espcialistas. Como parte integrante de duas pesquisas – “Educação, Saúde e Ciências: dispositivo de medicalização e produção contemporânea dos corpos”, de autoria de Luís Henrique Sacchi dos Santos (PPGEDU-UFRGS), e “Biofantasias, biomanias, bioforias: as pedagogias da mídia e a espetacularização da bio(tecno)logia na contemporaneidade”, de autoria de Daniela Ripoll (PPGEDU-ULBRA), o presente trabalho tem o objetivo de verificar quais são as representações e as práticas representacionais relacionadas à medicalização em VEJA – revista de maior circulação nacional, com uma tiragem superior a um milhão de cópias, sendo a maioria de assinaturas. Foram analisadas 91 edições da revista VEJA publicadas entre janeiro de 2011 e setembro de 2012. Também foram analisados, de modo complementar, alguns blogs pessoais e sites, encontrados na internet após pesquisa envolvendo as seguintes palavras-chave: medicalização, medicamentos, fármacos, medicina e medicação. O referencial teórico-metodológico que orienta a pesquisa é inspirado nos Estudos Culturais, que se configuram tanto pelo caráter amplamente investigativo quanto pela atuação em variados campos de conhecimento e suas diversas metodologias, com o compromisso de análise das relações de poder. As análises culturais estão em desenvolvimento e levam em consideração as teorizações de Susan Willis (1997) e de Stuart Hall (1997) sobre o conceito de cultura e de representação, a noção de pedagogia cultural desenvolvida por Steinberg e Kincheloe (2003), bem como o conceito de cultura visual. Os resultados parciais demonstram que a mídia ensina, de forma espetacular e prazerosa, uma série de aspectos relacionados ao corpo, à saúde e à vida, promovendo e colocando em circulação múltiplos significados, fixando e naturalizando representações, comportamentos e práticas culturais.