Portal de Eventos da ULBRA., XVIII SALÃO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA

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Composição e variação da comunidade de aves do Parque Ambiental Souza Cruz
Fabio Cavitione e Silva, Giliandro Gonçalves Silva, Marcelo Oliveira Chagas, Diego Marques Henriques Jung

Última alteração: 24-10-2012

Resumo


As aves são consideradas excelentes indicadores da diversidade dos ecossistemas, além de serem agentes participantes dos processos de restauração dos ambientes naturais. A avifauna do Rio Grande do Sul é composta por 661 espécies, riqueza explicada pela expressiva heterogeneidade de habitats aqui presentes. O Parque Ambiental Souza Cruz (PASC), localizado no município de Cachoeirinha, RS está inserido em área de tensão ecológica entre a Floresta Estacional Semi-decidual e o Campo/Savana. O PASC apresenta um mosaico de ambientes em sucessão ecológica, sendo campos e florestas as fitofisionomias predominantes. Este estudo diagnostica a composição da comunidade de aves durante o processo de sucessão ecológica do PASC. Efetuaram-se levantamentos da avifauna e elaborou-se uma caracterização de sua composição durante três anos ininterruptos, amostrados mensalmente através de pontos de escuta. Calculou-se a Freqüência de Ocorrência (FO) e o Índice Pontual de Abundância (IPA) para as espécies. A riqueza cumulativa foi de 149 espécies, distribuidas em 44 famílias, sendo Tyrannidae (17) a mais representativa, seguida de Furnariidae e Emberizidae (11, ambas). Doze espécies são endêmicas de Mata Atlântica. O cálculo da FO mostrou que 48% da avifauna é comum na comunidade. Já o IPA caracterizou a comunidade como bastante diversa e com pouca abundância, mesmo padrão encontrado também em florestas tropicais. Entretanto, nos resultados parciais do terceiro ano de análises, o IPA demonstrou um leve crescimento da abundância de algumas espécies de hábitat florestal e diminuição das campestres. Esta tendência pode ser explicada pelo processo de sucessão ecológica que ocorre em grande parte da área, estando em estágio de inicial à médio de sucessão. Em relação à dieta, houve a predominância de insetívoros e onívoros. Foram registradas na área espécies especialistas frugívoras como Ortalis guttata (Cracidae), considerada comum na área e um registro de Xiphorhynchus fuscus, escalador de troncos (Dendrocolaptidae), insetívoro e sensível a alterações de habitat. Constatou-se que o PASC serve como ponto de parada entre deslocamentos de bandos de ao menos duas espécies (Chroicocephalus cirrocephalus e Chroicocephalus maculipennis). No PASC ocorre 22% da avifauna registrada para o Rio Grande do Sul. Estudos prévios listaram 224 aves para 14 áreas verdes inseridas na matriz urbana de Porto Alegre e região metropolitana. Logo, a riqueza do PASC corresponde a 66% do previsto para estas 14 áreas. Esta riqueza é considerada elevada, uma vez que ambientes antropizados são hostis para grande parcela da avifauna acarretando na diminuição da diversidade nestes ambientes. A riqueza da avifauna do PASC atesta sua relevância ecológica.