Portal de Eventos da ULBRA., XX SALÃO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA

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VIOLÊNCIA ENTRE ESCOLARES DO 8º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL DA REGIÃO NORTE DO BRASIL
Emília Scalco Wächter, Denise Rangel Ganzo de Castro Aerts, Gisele Maria Belloli, Marília De Lima Muratt, Rafaela Pasini, Tatiana Siviero

Última alteração: 17-10-2014

Resumo


A escola é um espaço de construção de saberes, de convivência e de socialização das crianças e dos adolescentes. Porém, muitas vezes, é na própria escola que o jovem vivencia situações de violência que comprometem sua qualidade de vida e seu aprendizado. Essa exposição, independente do local e dos agentes agressores, pode trazer severas consequências para a vida do jovem. Assim, este trabalho teve como objetivo estudar as experiências relacionadas à violência em escolares do 8° ano do ensino público, da região Norte. O delineamento do estudo foi transversal, incluindo uma amostra representativa de 2227 escolares dos municípios de Ji-Paraná e Porto Velho, em Rondônia, e Santarém, no Pará. Os dados foram coletados em sala de aula com o auxílio de instrumentos autoaplicáveis: 1) questionário sobre situação econômica; 2) questionário referente a características familiares, psicossociais, estilo de vida e experiência com situações de violência, baseado no Global School-Based Student Health Survey. As análises aqui apresentadas são descritivas. Os resultados são ainda preliminares. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos e Animais da ULBRA (parecer n. 2009-251HF). Entre os jovens investigados, 55,5% era do sexo feminino, sendo a maioria na faixa de 12 a 13 anos (64,4%), seguidos dos de 14 a 16 (31,1%), tendo referido a cor de pele como não branca (76,8%) e a classe econômica obedeceu a seguinte distribuição: 17,5% na A + B, 51,0% na C e 31,5% na D+E. Foi encontrada uma prevalência de experiências com situações de intimidação, agressão, assédio ou discriminação de 39,4%. Entre os que referiram essa experiência, 8,5% a vivenciaram no dia do levantamento dos dados, 29,4% nos últimos 30 dias, 21,5% nos últimos seis meses e 34,5% há um ou mais anos. Nos últimos 30 dias, os agressores foram, mais frequentemente, colegas ou amigos, seguidos dos desconhecidos ou irmãos. Entre os que informaram o sexo do agressor, encontrou-se 65,8% de masculino. Quando questionados sobre situações de discriminação, 30,8% informaram terem se sentido discriminados nos últimos 30 dias. Entre as respostas válidas sobre discriminação, verificou-se que 32,9% sentiram-se discriminados por questões corporais, 14,4% raciais ou pela cor da pele, 13,2% sexuais, 11,6% religiosas, 13,5% foram excluídos de propósito e 9,2% foram empurrados, chutados ou trancados em algum local. Os locais onde mais frequentemente ocorreram as intimidações, agressões, assédios ou discriminação a própria escola (52,3%) e a rua (26,3%). Dentro da escola, o cenário de maior violência foi a sala de aula. Esses resultados apontam que a escola, ambiente supostamente protetor e promotor da saúde física e emocional, falha neste propósito. É necessário que os setores saúde e educação unam forças para a implementação de ações efetivas no sentido de qualificar docentes, funcionários e corpo diretivo para o enfrentamento dessas situações e para a promoção da cultura da paz.