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Educação de Jovens e Adultos: Ressignificando os sentidos da escolha profissional
Mariana Correia Hermann

Última alteração: 24-03-2015

Resumo


Este artigo é um relato de experiência, que tem como objetivo compreender qual os principais desafios de se trabalhar com a temática da orientação profissional para alunos de Educação para Jovens e Adultos de uma Escola da Região Metropolitana de Porto Alegre/RS. A educação de jovens e adultos é um campo de práticas que inevitavelmente transborda os limites da escolarização. Pois abarca processos formativos diversos, onde podem ser incluídas iniciativas visando a qualificação profissional, o desenvolvimento comunitário, a formação política e cultural pautadas em outros espaços que não o escolar (DI PIERRO, JÓIA E RIBEIRO, 2001). Na EJA as pessoas pouco ou não escolarizados, ao ingressarem na escola, terão que se inserir e interagir com os modos de funcionamento particulares da ins­tituição. Entretanto, o aprendizado desses su­jeitos inicia-se muito antes de frequentarem a escola, uma vez que eles aprendem a lidar com as situações da vida, as necessidades e as exigên­cias cotidianas da sociedade contemporânea (VYGOTSKY, 2006). A orientação profissional não se restringe apenas ao fenômeno da escolha da profissão, mas pode servir como fonte de recursos para a elaboração e transcendência de conflitos, enfim de crescimento pessoal. O trabalho da orientação profissional se bem conduzido, abre portas para que o indivíduo reveja seus conceitos sobre si, o mundo e a vida. Entre os aspectos rígidos da EJA destaca-se o lugar de fracasso, em que acreditar no potencial de si e do outro aparece com forte ambivalência. O trabalho, como princípio de vida, está na base de uma concepção epistemológica, pedagógica e psicológica, que visa proporcionar aos sujeitos o desejo de buscarem sua subjetividade pela via da realização profissional. Ao mesmo tempo, é pela apresentação do que é o trabalho, determinados pelo modo de produção no qual este se realiza, que se pode compreender as relações sociais e, no interior dessas, as condições de exploração do trabalho humano, assim como de sua relação com o modo de ser da educação. Conclui-se que a formação de jovens e adultos que exclui o trabalho como realidade concreta da vida dessas pessoas não enfrenta as contradições do processo de produção da existência sob relações desiguais, bem como  tomar o trabalho somente em sua dimensão econômica reduz o sujeito a fator econômico e aliena o direito dessas pessoas de se reconhecerem e se realizarem plenamente como seres humanos. Por isso, o trabalho precisa se constituir como um princípio educativo para ser compreendido nas suas manifestações sociais, especialmente em relação a trabalhos interpares, visando a importância da força e do trabalho em grupo. Evidencia-se por fim, que a grande maioria dos estudantes de EJA já estão inseridos no mercado de trabalho, sendo o maior desafio enfrentado neste trabalho o processo de tentar reconstruir/ressignificar os desejos dos alunos em relação à suas escolhas profissionais. Outro fator importante e preocupante evidenciado na escola é a grande evasão escolar dos alunos, bem como, a grande dificuldade dos mesmos em se valorizarem quanto alunos e futuros profissionais, em se engajarem em tarefas e trabalharam efetivamente em relações interpares.


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