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Reflexões sobre a medicalização da infância
Rose Ivani de Lima Pokorski

Última alteração: 29-04-2015

Resumo


A presente produção busca lançar um olhar sobre conceitos medicalizantes que ganham força sobre a infância, estrutura-se a partir de três perspectivas: introdutoriamente, o tratamento do comportamento infantil sob um olhar da Psiquiatria desde o século XIX, histórico que pode contribuir para o entendimento de crenças que fazem recair sobre a criança uma responsabilização, uma individualização, sempre que se comportam e aprendem de forma diferenciada da maioria; o normal e o patológico na criança, perspectiva e critérios; queixas patologizantes da infância na contemporaneidade – diagnósticos lançados sobre a infância a partir de queixas familiares e escolares; e por fim, a medicalicalização e medicamentalização da infância. Tesser e Neto (2010), fazem uma construção sobre o termo medicalizar e medicalização da infância sob a ótica de médicos que trabalham em atenção primária a saúde (APS), com famílias e comunidades. Introduzem o assunto dizendo que “medicalização é palavra gasta” e que usar tal termo remete imediatamente a ideia de remédio ou medicamentalização, por causa disto é que o esforço de explicar o termo que representa “muito mais do que isto” é grande por parte dos estudiosos. Dizem que o termo já ganhou até sobrenomes, como por exemplo: medicalizar a criança, o adolescente, a mulher, o idoso, a loucura, a beleza, bem como já se usa medicalização econômica, social, individual, corporal, etc. Mas em que momento a medicina começa a falar de educação, sexualidade, violência, comportamento com pais/cuidadores/professores? Quando “principais agravantes da saúde da criança estão nas condições básicas de vida, alimentação e saneamento”, pelo menos no que tange a conhecimentos científicos. A partir de tal intuito, faz-se uso de uma pesquisa bibliográfica em livros, revistas e artigos. Não são apontadas conclusões taxativas, apenas problematização da questão, um olhar que questiona, que procura informação sobre a prática de diagnosticar e medicar a criança, de responsabilizar o infantil, desconsiderando modos de ser e aprender e necessidades de estratégias familiares e escolares, numa dinâmica contemporânea. Pensar a vida apenas de um ângulo é primitivo, não cabível diante das possibilidades de informação a que temos acesso, mesmo assim porque em pleno século XXI se profere discursos que reduz a vida a bioquímica, legitimando práticas que tratam sofrimentos transtornos, passíveis de tratamentos numa linguagem médica? Eis uma, entre tantas questões que não tem respostas prontas. Cabe provocar reflexões.

Palavras-chave: infância – patologização da infância – medicalização da infância


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