Portal de Eventos da ULBRA., VI Congresso Internacional de Ensino de Matemática - 2013

Tamanho da fonte: 
UM OLHAR ETNOMATEMÁTICO SOBRE OS SABERES E FAZERES DE CARPINTEIROS DA CONSTRUÇÃO CIVIL EM GOIÂNIA-GO
Wivian Sena Moraes, José Pedro Machado Ribeiro

Prédio: Prédio 14
Sala: Saguão
Data: 17-10-2013 09:00 – 12:00
Última alteração: 22-09-2013

Resumo


Resumo:

O presente trabalho representa parte de uma pesquisa de Mestrado em Educação em Ciências e Matemática, a qual está sendo realizada com um grupo de carpinteiros da construção civil em Goiânia-GO. Os caminhos metodológicos utilizados seguem uma abordagem qualitativa de pesquisa, sendo o uso de técnicas e procedimentos oriundos da etnografia, tais como: observações, entrevistas semiestruturadas, diário de campo, fotos e filmagens.

Especificamente, neste estudo busca-se compreender numa perspectiva etnomatemática a construção dos saberes e fazeres de carpinteiros que se constituem em diferentes práticas profissionais no canteiro de obras. A partir da aproximação do trabalho desses sujeitos com ambientes de aprendizagem − imbuídos de um processo dialógico e horizontal entre todos os envolvidos na pesquisa − observa-se o que emerge da construção de novos saberes e fazeres na constituição de sua prática profissional.

O desenvolvimento desta pesquisa tem como cerne o reconhecimento e a valorização das diferentes formas de entender e lidar matematicamente com o mundo, ou seja, o saber e o fazer matemático de grupos sociais distintos. Nesta perspectiva, propomos um Cenário para Investigação (SKOVSMOSE, 2008) pelo qual o indivíduo se sinta convidado a formular questões e a procurar explicações dentro do seu contexto sociocultural. Trata-se de um cenário de referência à realidade onde as situações reais são trabalhadas numa perspectiva aberta, possibilitando aos envolvidos levantar hipóteses de problemas que admitem múltiplos caminhos e respostas, sendo assim, instigados a participar do processo de exploração e argumentação que envolve situações-problemas.

Nesse sentido, refletimos sobre a abertura de espaços para a diversidade e os conhecimentos socialmente válidos, de modo a reconhecer o valor intrínseco do indivíduo e da sua integração na realidade histórica e natural como parte essencial de um todo. Dessa forma, a etnomatemática se revela como um caminho para a valorização e o fortalecimento de experiências sociais e culturais dos grupos menos favorecidos, haja vista as questões de desigualdades sociais refletidas nas angústias de uma sociedade construída pelas diferenças.

A etnomatemática é um campo de pesquisa que teve sua origem na década de 1970, quando surgiram as primeiras teorizações desta área e algumas delas realizadas pelo educador brasileiro Ubiratan D’Ambrósio. Sobre a expressão etnomatemática, D’Ambrósio (2002, p. 14) explica que “ao utilizar, num verdadeiro abuso etimológico, as raízes tica, matema e etno, dei origem à minha conceituação de etnomatemática”. Segundo o autor, “etnomatemática é a arte ou técnica (techné = tica) de explicar, de entender, de se desempenhar na realidade (matema), dentro de um contexto cultural próprio (etno)”.

A etnomatemática busca compreender e valorizar o saber e o fazer matemático construído em diferentes contextos culturais, os quais não são restritos apenas a grupos étnicos. Dessa forma, o desenvolvimento desta pesquisa se pauta no reconhecimento e na valorização das diferentes maneiras pelas quais o conhecimento matemático se manifesta em ambientes não escolares e não acadêmicos, ou seja, trata-se do saber/fazer matemático de carpinteiros na construção civil. Assim, as discussões alçadas neste estudo tornam-se relevantes pelo fato de promover reflexões críticas acerca dos diversos saberes e fazeres marginalizados, direcionando-se para a construção de uma sociedade mais ética, solidária e menos excludente.


Texto completo: PDF