Portal de Eventos da ULBRA., XII FÓRUM DE PESQUISA CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA (Canoas)

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A oração do Pai Nosso: Fonte de consolo ou mera recitação?
Anselmo Ernesto Graff, Timóteo Patrício

Última alteração: 23-10-2012

Resumo


A oração Pai Nosso talvez seja a oração mais conhecida no mundo. Todos sabem o que se pede nessa oração ensinada pelo Senhor Jesus? Martinho Lutero afirma que “há muitos que talvez oram mil Pai Nossos por ano, e mesmo que orasse por mil anos, não teriam provado nem orado sequer uma única letra ou pontinho”. Lutero errou no diagnóstico? Os objetivos dessa pesquisa visam analisar e interpretar as palavras da oração do Pai Nosso, segundo texto original no evangelho de Mateus e relacionar essa explicação bíblica com reflexões sobre verdades reveladas através dessa oração. Em termos metodológicos, a investigação será a partir de estudos exegéticos de alguns autores relacionados à oração do Pai Nosso e relacioná-los à teologia praticada na igreja, sugerindo conclusões alternativas. O texto bíblico do evangelho de Mateus 6.9-13 nos leva a um guia ou modelo de oração. Quando o Senhor Jesus diz “assim, pois orai vós”, ele estabelece um paradigma de oração para a Igreja Cristã. Toda essa seção (Mt 6.1-18) está incluída no Sermão do Monte (Mt 5.2-7.29) e pode ser denominada de “vida sob o cuidado do Pai”. Essa parte contém uma tríade de tópicos e que precisam ser vistos separadamente para sua devida compreensão. Esmolas (6.1-4); oração (6.5-15) e jejum (6.16-18). O primeiro versículo pode representar uma introdução geral ao tema. Jesus recomenda aos seus discípulos que a vida piedosa não seja vivida na expectativa que outros fiquem impressionados por ações devotas dos indivíduos, seja através das esmolas, da oração ou do jejum. Jesus radicaliza o tema e diz que existem apenas duas expectativas a serem preenchidas nesses três casos (esmolas, oração e jejum): ou se espera o louvor das pessoas ou se anseia pelas bênçãos do Pai Celestial. Esse é o primeiro grande princípio nos ensinamentos do Senhor Jesus: dar esmola, orar e jejuar são atividades legítimas e têm promessas de recompensas, à medida que são praticados sem a intenção de “aparecer” diante das pessoas. Orações longas e repetidas não são garantia que o Pai vai ouvi-las. Também não faz parte de uma possível valorização da oração e aparição pública, pois a oração verdadeira é dirigida a Deus e somente Ele que pode e irá tomar conta dos nossos pedidos. O Pai sabe muito bem das necessidades de seus filhos. “Por que orar”? A oração é instituição de Cristo. Porém, é ainda interessante lembrar que toda a Escritura Sagrada apresenta uma coleção de passagens incentivando à oração e de pessoas que oraram. C. S. Lewis cita Pascal para argumentar que Deus instituiu a oração, assim como o trabalho, para proporcionar às suas criaturas a dignidade da causalidade. Em outras palavras, nós podemos pedir para sermos atendidos em nossas necessidades e Deus nos dar as bênçãos correspondentes aos nossos pedidos. Assim, o conhecimento das nossas necessidades não serve aqui para desestimular a oração, mas motivação a ir confiadamente ao Pai e lhe fazer súplicas que ele mesmo ensinou na oração do “Pai Nosso”.