Portal de Eventos da ULBRA., XIV FÓRUM DE PESQUISA CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA (Canoas)

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UM CASO CLÁSSICO DE RECIRCULAÇÃO DE MUCO
Andreza Mariane de Azeredo, Renato Roithmann

Última alteração: 22-10-2014

Resumo


O fenômeno de recirculação de muco é uma das causas de rinossinusite crônica, cuja incidência ainda é desconhecida. Ocorre através do retorno do muco ao seio maxilar por uma antrostomia que não inclua o óstio natural de drenagem. No presente relato, apresenta-se um caso clássico de recirculação de muco, discutindo os principais aspectos deste fenômeno subdiagnosticado. Objetivou-se neste trabalho descrever o caso de uma paciente que realizou tratamento cirúrgico para rinossinusite crônica, sem sucesso devido ao fenômeno da recirculação de muco. A seleção de trabalhos para esta revisão foi realizada nas bases de dados: MedLine, LILACS e SciELO. A pesquisa foi realizada utilizando “maxillary sinusitis”, “complications, sinusitis” e “surgery, sinusitis” como descritores. RESULTADOS: Paciente feminina, 68 anos, procura atendimento por rinossinusite crônica. Afirma sensação de algo preso entre nariz e garganta. Submeteu-se a duas cirurgias de pólipos nasais. Ao exame físico, observam-se amplas turbinectomias inferiores; sinéquia entre a concha média esquerda e a parede lateral; presença de apófise unciforme à esquerda e ampla abertura na fontanela posterior do seio maxilar esquerdo.  Com ótica de 45º observa-se muita secreção mucopurulenta no seio maxilar esquerdo e muco saindo mais superior pelo óstio natural por trás da unciforme e retornando pela antrostomia posterior ao seio. Com o tratamento clínico adequado, apresentou melhora parcial dos sintomas. A conduta indicada foi cirurgia video-endoscópica com resgate do óstio original de drenagem e união entre óstio original e antrostomia maxilar posterior. O exame histopatológico dos tecidos removidos revelou inflamação crônica em mucosa. O conjunto de achados clínicos associados aos achados de imagem e endoscópicos eram compatíveis com rinossinusite crônica sem polipose nasal por recirculação de muco. Após um seguimento clínico de 12 meses, a paciente apresentou evolução favorável, sem recidivas e sem uso de antimicrobianos ou corticosteroides. Conclui-se que uma das causas de insucesso de cirurgia endoscópica no manejo da rinossinusite crônica parece ser o fenômeno de recirculação. Dessa forma, a recirculação representa um grande desafio ao otorrinolaringologista em termos de diagnóstico e deve ser suspeitada em casos de insucesso cirúrgico na rinossinusite crônica.

 


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