Os dispositivos eletrônicos de fumar (DEFs), como cigarros eletrônicos, vapes e produtos de tabaco aquecido, têm se difundido rapidamente entre adolescentes e jovens adultos, apesar de sua proibição no Brasil desde 2009. Esses dispositivos utilizam soluções líquidas contendo sais de nicotina, propilenoglicol, glicerina e aromatizantes, que, quando aquecidos, podem gerar substâncias tóxicas e potencialmente carcinogênicas. A crescente popularidade dos DEFs entre jovens é impulsionada pela ampla variedade de sabores, pela facilidade de aquisição em canais informais e online e pela forte influência social. Este estudo teve como objetivo investigar o perfil de consumo dos DEFs entre universitários do curso de medicina na região metropolitana de Porto Alegre (RS). Trata-se de um estudo observacional, descritivo e transversal, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa. Os participantes foram recrutados por meio de convite digital (WhatsApp, Instagram) e contato direto. Os dados foram coletados por um questionário online (Google Forms). As variáveis qualitativas foram analisadas por frequências e percentuais, e as quantitativas, por médias e desvios-padrão, utilizando o software SPSS™ 22.0. A amostra final incluiu 167 estudantes. O uso de DEFs foi relatado por 18% da amostra (n=30). Entre esses, observou-se predominância do gênero feminino (70%), etnia branca (100%) e média de idade de 22,2 anos. A maioria cursava até o sexto semestre (76,7%). Em relação ao comportamento de consumo, 70% relataram adquirir os dispositivos pela internet ou via amigos e iniciaram o uso em ambientes sociais. Quanto ao padrão diário, 53% consumiam menos de 150 puffs e 70% aguardavam mais de uma hora após acordar para iniciar o uso, embora 10% utilizassem o dispositivo nos primeiros cinco minutos da manhã. Esses dados se mostram superiores a média nacional identificada pela Vigitel para o ano de 2023, que apontou que 2,1% dos adultos na faixa etária entre 18-24 anos fazem uso de DEFs. Considerando que a maioria dos usuários relatou adquirir os produtos pela internet ou por meio de amigos, é importante intensificar a fiscalização de canais de venda on-line, bem como ampliar campanhas educativas específicas para esse público. Apesar das limitações (tipo de estudos, reduzido número amostral, apenas uma instituição de ensino), o estudo fornece dados relevantes sobre o perfil de uso dos DEFs em um grupo de futuros profissionais da saúde.