Última alteração: 16-11-2025
Resumo
A Piroplasmose Equina (PE) é uma doença causada por protozoários intraeritrocitários (Theileria equi, Babesia caballi e Theileria haneyi), sendo a infecção por T. equi particularmente grave por induzir um estado de portador persistente. A patofisiologia da PE aguda envolve uma anemia hemolítica. O diagnóstico desta condição é um desafio, especialmente em parasitemias mínimas. Objetiva-se evidenciar a importância da metodologia hematológica e da perícia do patologista clínico veterinário como ferramenta diagnóstica em um caso agudo de parasitemia mínima. Uma potra, da raça American Trotter, com 28 dias de idade, e com histórico de falha na transferência de imunidade passiva, foi atendida apresentando quadro neurológico agudo. O eritrograma inicial revelou anemia severa, classificada com base nos índices hematimétricos, como discretamente macrocítica e normocrômica. Este perfil hematológico é consequência direta da patofisiologia da T. equi.. Foi observada a presença de anisocitose acentuada. Além disso, foram confeccionados dois esfregaços sanguíneos, sendo um com sangue periférico e outro com sangue capilar a partir da margem do pavilhão auricular, visando maximizar a possibilidade de visualizar este hemoparasito. Em cada um dos esfregaços foi visualizada uma única hemácia parasitada por piroplasmas sugestivos de Theileria spp.. Após tratamento com dipropionato de imidocarb, um novo eritrograma revelou uma anemia discreta, classificada como macrocítica e normocrômica, sem visualização de parasitas circulantes. O imidocarb apenas suprime T. equi, sem eliminá-la. Assim, enfatiza-se a indispensabilidade da perícia do patologista clínico veterinário, em um cenário onde a automação teria reportado apenas os dados quantitativos, falhando em promover um diagnóstico etiológico. A correta interpretação hematológica foi o que permitiu classificar a anemia, direcionando a suspeita e motivando o uso de metodologias como o esfregaço capilar. A evolução do eritrograma serviu como confirmação terapêutica da precisão deste diagnóstico morfológico, colocando a hematoscopia como a ferramenta diagnóstica fundamental que possibilitou a terapia específica e a recuperação do animal.
Palavras-chave: Patologia Clínica Veterinária; Hematologia; Equinos.