Portal de Eventos da ULBRA., XXVI SALÃO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA

Tamanho da fonte: 
INVESTIMENTOS CONTEMPORÂNEOS EM MASCULINIDADES PLURAIS
Alison SANTOS, Carin KLEIN

Última alteração: 12-11-2020

Resumo


O Brasil é um dos países que mais perpetua violências relacionadas às dimensões de gênero, cometidas principalmente contra mulheres e pessoas LGBT’s. Partimos desse contexto, a fim de argumentarmos acerca de proposições e investimentos contemporâneos que demonstram ir à contramão das violências de gênero, indicando que há investimentos em masculinidades plurais, associadas à publicidade de grandes marcas. Inscrevemos este trabalho na perspectiva dos Estudos Culturais e dos Estudos de Gênero, em aproximação com a crítica pós-estruturalista. Nesse sentido, tomamos a mídia enquanto importante instância pedagógica como o propósito de examinamos algumas cenas do documentário denominado “O silêncio dos Homens”, cuja produção obteve patrocínio de duas grandes marcas: a empresa Reserva e a Natura Homem, questionando: que investimentos atuam na construção de pedagogias de masculinidades nesse artefato? O filme conta com mais de um milhão de visualizações no canal do Youtube e possui uma hora de duração. Segundo sua descrição, a produção do documentário levou em conta as opiniões de mais de 40 mil pessoas, a respeito das masculinidades. O exame desse material indicou que os argumentos entorno da violência de gênero, em grande parte, aliam-se a uma masculinidade hegemônica, reconhecida usualmente por características como o uso da força, virilidade, valentia, violência, assim como, de uma suposta hierarquia sobre as feminilidades e as masculinidades, geralmente tomadas como inferiores ou desviantes; o documentário, dá visibilidade para masculinidades plurais, ampliando a discussão sobre o silêncio vivido pelo homem negro, ao expor a realidade da periferia e das formas de viver as masculinidades negras, além de dar voz às masculinidades homossexuais e transexuais, provocando nas redes sociais uma proliferação de adesões, afinidades, simpatias e por que não consumo, ao mesmo tempo em que ocorrem rejeições, e até discursos de ódio. Evidenciamos o caráter constitutivo e plural das construções de gênero e masculinidades, principalmente, ao desassociá-las de uma matriz hegemônica e relacionada às violências, além de explorarmos o caráter pedagógico de nosso objeto de investigação que busca atuar a partir de uma compreensão das masculinidades enquanto construtos que disseminam formas plurais de experiência-las, demonstrando a existência de diferentes masculinidades, já coexistindo e se relacionando no cotidiano. Ao apresentamos movimentos de ruptura da representação hegemônica de masculinidade, acreditamos que este investimento tem alcançado com maior vigor as classes média e alta de nossa sociedade. Homens que talvez já possuam formação acadêmica e acesso ao pensar de forma mais crítica. Portanto, este trabalho traz vigor para continuar pesquisando acerca das formas e meios de fazer circular as discussões a respeito das masculinidades, visibilizando o poder de mudança que isto representa. Encerramos este trabalho com uma indagação: de que maneira podemos fazer circular o potencial educativo e contestador desta discussão em todos os níveis de nossa sociedade?


Texto completo: RESUMO  |  POSTER