Portal de Eventos da ULBRA., XXVI SALÃO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA

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ANÁLISE TEMPORAL E DINÂMICA EVOLUTIVA DO PARVOVÍRUS
Bruna Fernandes Souza, Vinicius Proença Silveira, Jonas Michel Wolf, Vagner Ricardo Lunge

Última alteração: 12-11-2020

Resumo


 


SOUZA, Bruna Fernandes¹; SILVEIRA, Vinicius Proença²; WOLF, Jonas Michel³; LUNGE, Vagner Ricardo4.

 

1Graduanda do curso de Medicina Veterinária da ULBRA e bolsista CNPq. Mestrando do PPGBioSaúde-ULBRA. 3Doutorando do PPGBioSaúde-ULBRA.4Orientador e professor do PPGBioSaúde-ULBRA.

PALAVRAS-CHAVE: Parvovirose, Genoma, Evolução, Variantes, Bioinformática.

Introdução

O Canine parvovirus (CPV-2) é um vírus da Família Parvoviridade que possui DNA de fita simples não envelopado, podendo manter sua infectibilidade por meses em determinadas condições. Esse patógeno viral ultrapassou obstáculos evolutivos e ao associar a transmissão cruzada entre espécies se disseminou e alcançou maior número de espécies hospedeiras. Devido a sua semelhança antigênica com o Feline panleukopenia virus (FPV), pressupõe-se que o CPV-2 seja um mutante de uma linhagem de campo do vírus felino que se transmitiu e se adaptou para hospedeiros da ordem carnívora. Sua circulação pandêmica ocorre há mais de 40 anos e, apesar da evolução do vírus, todas as variantes de CPV-2 são aproximadamente 99% idênticas na sequência de nucleotídeos. A literatura descreve linhagens genéticas e antigênicas do CPV-2a, identificados como “CPV-2b”, “CPV-2c” ou “new CPV-2a”. Porém, essas linhagens são baseadas na substituição de um ou dois aminoácidos específicos, insuficientes para caracterizar a heterogeneidade, porque não representa a complexidade e a multiplicidade das mudanças internas do genoma viral.

Objetivos

O presente trabalho tem como objetivo elucidar características evolutivas, temporais e espaciais das sequências completas de Parvovírus através de ferramentas in silico.

Metodologia

Foram utilizadas 180 sequências de genomas completos do Parvovírus com país e ano de amostragem disponíveis no GenBank. O modelo de substituição de nucleotídeo HKY foi selecionado usando uma razão de verossimilhança hierárquica, critério de informação de Akaike e testes de critério de informação Bayesiana com Model Finder no software IQ-TRE. A árvore filogenética de máxima verossimilhança foi inferida de acordo com o modelo de melhor ajuste usando o software IQ-TRE.  Posteriormente, árvores filogenéticas em escala de tempo, taxas de evolução e histórias demográficas de sequências de genomas de Parvovírus foram avaliadas usando a estrutura coalescente bayesiana implementada no BEAST v2.6.2. A medida de suporte empregada foi o HPD95% (Highest Posterior Density 95%).

Resultados e Conclusões parciais

A taxa evolutiva do CPV-2 foi de 2,04E-4 substituições de nucleotídeos por ano (HPD95%: 1,39E-4 – 3,06E-4). A análise filogenética demonstrou que o ancestral comum do CPV-2 remeteu ao ano de 1976 (HPD95%: 1945 – 1985). Além disso, as sequências do CPV-2 das amostras brasileiras da linhagem CPV-2c são muito semelhantes às que ocorrem na América do Norte (Estados Unidos e Canada) e do Uruguai apresentando um ancestral comum de 1994 (HPD95%: 1977 – 1999). A linhagem CPV-2b brasileiro demonstrou duas introduções, primeiro em 1991 (HPD95%: 1981 – 1996) e posteriormente em 2003 (HPD95%: 1985 – 2007) com possíveis origens na América do Norte. As infecções por CPV-2 aumentaram significativamente na década de 1980 com estabilidade até meados dos anos 2000. Em 2005, aproximadamente, ocorreu uma nova onda de aumento de infecções, a qual apresentou posterior estabilidade e queda em 2015. Através dos resultados obtidos nesse estudo, pode se concluir que o CPV-2 teve sua entrada na década de 1990 no Brasil, período da ocorrência de grande disseminação desta infecção.

 

Referências

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