Portal de Eventos da ULBRA., XVIII SALÃO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA

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MATERNIDADE NA ADOLESCÊNCIA: INDICADORES EMOCIONAIS NEGATIVOS E FATORES ASSOCIADOS EM MÃES DE 14 A 16 ANOS DE PORTO ALEGRE – RS
michele marcon gotardo, Micheli Scolari Rossetto, Lígia Braun Schermann, Jorge Umberto Béria, Luciana Petrucci Gigante

Última alteração: 23-10-2012

Resumo


A adolescência é uma fase que se caracteriza pela transição da infância para a idade adulta, período marcado por grandes transformações físicas, cognitivas e sociais.As vivências emocionais da adolescente em relação a sua gravidez e maternidade têm sido apresentadas de forma heterogênea, evidenciando diferentes padrões de percepção. As vivências negativas podem afetar não só o desempenho da adolescente em sua função materna, mas a qualidade do vínculo mãe-bebê, o que representa um importante fator para o desenvolvimento infantil saudável. O presente trabalho verificou a prevalência de sofrimento psíquico e fatores associados em mães adolescentes de 14 a 16 anos, que tiveram filhos no ano de 2009 em Porto Alegre, RS. Este estudo constitui-se em um projeto satélite da pesquisa “Fatores associados à gestação na adolescência: um estudo de casos e controles com jovens de 14 a 16 anos em Porto Alegre, RS”, financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). A amostra constou de 426 adolescentes, sorteadas a partir da lista Sistema de Informação de Nascidos Vivos (SINASC) fornecida pela Secretaria de Saúde do Município de Porto Alegre. Os dados foram coletados em entrevistas domiciliares através de questionário construído para a pesquisa e após assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido pela pessoa responsável. O banco de dados foi construído pelo programa Teleform, com escaneamento dos questionários e posterior migração dos dados para o pacote estatístico SPSS 18.0 for Windows para fins de análise. A análise estatística constou de análise univariada, análise bivariada para o  cruzamento das variáveis de exposição com o desfecho e análise multivariada, realizada através de regressão de Poisson. O nível de significância foi de 5%. A prevalência de sofrimento psíquico intenso foi de 32,6%. As variáveis associadas que permaneceram no modelo final da análise multivariada foram: classe social (D+E com RP=2,68; IC95%: 1,24-5,78; C com  RP=2,23; IC95%:1,04-4,79), relacionamento com a mãe (RP=1,72; IC95%: 1,26-2,33), parceiro aceitou a gestação (RP=1,48; IC95%: 1,11; 1,97) e família apoiou a gestação (RP=1,67; IC95%:1,20-2,34). As adolescentes que pertencem a classe social D+E e a classe social C apresentaram, respectivamente,  2,6 e 2,2 vezes mais prevalência de sofrimento psíquico intenso do que as adolescentes que pertencem a classe social B. Foi ainda observada 1,7 vezes mais prevalência de sofrimento psíquico intenso nas adolescentes que não manifestaram um bom relacionamento com suas mães do que naquelas com um bom relacionamento, bem como 1,4 vezes mais prevalência de sofrimento psíquico intenso nas adolescentes que não tiveram o apoio do parceiro na gestação do naquelas que tiveram o apoio do parceiro.  As adolescentes que não tiveram o apoio da família na gestação apresentaram 1,6 vezes mais prevalência de sofrimento psíquico intenso do que as adolescentes que tiveram o apoio da família na gestação.