Portal de Eventos da ULBRA., XX SALÃO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA

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Análise de genes de virulência de cepas de Escherichia coli isoladas de granjas de produção industrial de aves do Brasil
Silvia De Carli, Nilo Ikuta, Fernanda Kieling Moreira Lehmann, Vinicius Proença da Silveira, Vagner Ricardo Lunge

Última alteração: 17-10-2014

Resumo


A Escherichia coli (E.coli) é uma bactéria comensal da flora intestinal das aves, porém algumas cepas podem invadir e se multiplicar em diferentes tecidos, resultando em sintomas sistêmicos (condição clínica conhecida como colibacilose). A doença ocorre apenas quando a cepa infectante apresenta fatores de virulência (codificados por genes específicos) que permitem a adesão e proliferação no organismo hospedeiro. Estudos prévios analisaram a ocorrência de fatores de virulência em cepas patogênicas (denominadas APEC, avian pathogenic E. coli), isoladas de aves com colibacilose, em comparação com cepas  comensais/fecais (AFEC, avian fecal E. coli), isoladas de aves de lotes saudáveis. Os genes cvaC, iroN, iss, iutA, sitA, tsh, fyuA, irp2, ompT e hlyF apresentaram uma frequência significativamente maior nas cepas patogênicas e têm sido utilizados para a definição da patogenicidade dos isolados aviários de E. coli em outros países. O objetivo do presente estudo foi avaliar a ocorrência e a frequência destes genes de virulência em isolados bacterianos de granjas de produção industrial de aves do Brasil utilizando as técnicas da reação em cadeia da polimerase (PCR) e de sequenciamento de DNA. Além disso, a análise destes genes foi utilizada para diferenciar as cepas patogênicas (APEC) das comensais (AFEC) no nosso país. O estudo completo foi realizado com 138 isolados de E. coli obtidos a partir de amostras de tecidos/órgãos (baço, fígado, rim, traquéia, pulmões, pele, ovário, oviduto, intestino, cloaca) de lotes de aves (com ou sem suspeita de colibacilose) de granjas de produção de frangos e perus das principais regiões produtoras do Brasil. O DNA de todas as amostras foi extraído e posteriormente os dez genes de virulência foram detectados pela reação em cadeia da polimerase (PCR, Polymerase Chain Reaction). Adicionalmente, 72 isolados foram selecionados para o sequenciamento dos dez genes (com um total de mais de 200 genes sequenciados) e comparação com as cepas de referência. Os resultados mostraram que os dez fatores de virulência foram detectados em isolados brasileiros de E. coli, com frequências que variaram de 39,9% (irp-2) a 68,8% (hlyF e sitA). Além disso, uma alta similaridade de nucleotídeos (mais de 98%) foi observada entre as sequências de genes de isolados brasileiros e cepas de referência. Na diferenciação dos isolados, 79 foram definidos como patogênicos (APEC) e 59 como comensais (AFEC).  Estes dados demonstram que os principais fatores de virulência de referência de E. coli estão presentes em isolados associados à colibacilose no Brasil. A análise conjunta dos dez genes de virulência permitiu a diferenciação entre cepas patogênicas e comensais. Esta metodologia de análise tem sido utilizada para a determinação de patogenicidade de isolados de E. coli obtidos de granjas de produção de aves do Brasil.