Portal de Eventos da ULBRA., XXI SALÃO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA

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O PROTAGONISMO DA MULHER NO PARTO
Alessandra Wait da Cruz, Cibeli de Souza Prates, Maria Renita Burg Figueiredo

Última alteração: 04-10-2015

Resumo


Historicamente, até o final do século XIX, o parto era realizado no domicilio da parturiente. Contudo, com a civilização e a evolução da ciência médica no Brasil, os hospitais passaram a ser recomendados com mais frequência pelos médicos, por ser considerado como um lugar ideal e seguro para as mulheres darem a luz. Diante disso, o parto deixou de ser um evento privativo da mulher e passou a ser medicalizado, transformando a mulher em objeto da parturição e em coadjuvante deste momento. O estudo teve por objetivo geral investigar o protagonismo da parturiente durante o seu parto. E, específicos: identificar de que forma a parturiente exerce sua autonomia na escolha do parto; descrever a experiência das usuárias sobre as decisões relativas às intervenções tomadas no parto; e compreender a influência do modelo biomédico sobre o protagonismo e as decisões das mulheres no processo da parturição. Trata-se de uma pesquisa descritiva, exploratória seguindo uma abordagem qualitativa, realizada com 11 puérperas pós-parto vaginal, sem intercorrências com a mãe e o bebê. A coleta das informações foi realizada em abril/maio de 2015, através de entrevistas semiestruturadas em uma Unidade de Alojamento Conjunto, de um Hospital Universitário da cidade de Canoas/RS. A análise das informações foi realizada através de análise temática proposta por Minayo. Esta pesquisa cumpriu os preceitos éticos da Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde e foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da ULBRA. Como resultado, sugere-se que a falta de conhecimento sobre o trabalho de parto é o fator que mais interfere no exercício da autonomia e consequentemente no protagonismo da mulher. Durante a gestação as orientações recebidas são insuficientes, o que gera insegurança na mulher para decidir por si mesma. Já no momento do parto, não são raros os profissionais que apenas comunicam o que será realizado, sem dar a oportunidade de escolha. Muitas informações estão comumente restritas ao arsenal de conhecimento médico, o que faz com que elas acreditem que não devem intervir nos procedimentos ou decisões sobre o seu parto. Desta forma, a desinformação da parturiente somada à relação entre profissional e paciente comumente verticalizada, favorece que as mulheres sintam-se menos capacitadas para escolher e assim delegue seu poder de decisão. Logo, devido essa apropriação do parto pela equipe de saúde, a mulher gestante se reelege a um papel coadjuvante e passivo no processo parturitivo, e os profissionais tornam-se os protagonistas do parto. Por fim, a pesquisa pretende promover a reflexão sobre as práticas de assistência ao parto e incentivar o desenvolvimento de ações compartilhadas entre os profissionais e as mulheres. De modo que a mulher seja protagonista de seu próprio parto e que a equipe de saúde seja o alicerce para a efetivação deste propósito, se preparando para receber a parturiente, educando, orientando, oferecendo e dando a oportunidade de escolha com respaldo e respeito a suas escolhas.


Palavras-chave


Autonomia Pessoal. Gestantes. Parto normal

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