O presente artigo analisa o filme de animação japonesa Josee, o Tigre e o Peixe (2020) sob o referencial da Terapia Ocupacional e dos Estudos Culturais. O estudo examina a obra como um artefato cultural que transcende o melodrama, refletindo sobre a vida com deficiência e a construção da identidade. O objetivo geral foi analisar o anime como um dispositivo cultural potente na promoção da autonomia e na desconstrução de estereótipos sobre a deficiência, utilizando o referencial da Terapia Ocupacional (TO). Como decisões metodológicas, esta é uma pesquisa qualitativa de cunho teórico e análise fílmica, com a narrativa sendo dissecada à luz dos conceitos da Terapia Ocupacional (Ocupação Significativa, Privação Ocupacional e Agência) e do Modelo Social da Deficiência. A análise demonstrou que a privação ocupacional de Josee (com paralisia cerebral) é imposta primariamente por barreiras atitudinais (medo da avó), e essa privação é superada pelo engajamento progressivo em atividades significativas (Lazer e Participação Social), sendo Tsuneo o catalisador. A arte consolida-se como o pilar da autonomia de Josee, e culturalmente, o filme se destaca pela representação não estereotipada, desmistificando o clichê do “anjo de ternura”, por confrontar o público com as barreiras físicas do Modelo Social da Deficiência. Conclui-se que o anime conversa com o expectador por uma belíssima metáfora sobre o potencial terapêutico das ocupações e sobre a transformação que ocorre quando a pessoa encontra sentido em suas atividades. A obra propõe um olhar com foco que não é “curar” ou “consertar”, mas sim empoderar, incluir e possibilitar escolhas, permitindo que Josee viva de forma plena, com toda a sua singularidade.

Palavras-chave: Terapia Ocupacional, Pessoas com Deficiência, Disfunção Ocupacional, Cultura, Meios de Comunicação.