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SAÚDE E BEM-ESTAR NO CÁRCERE: ESTRATÉGIAS DE ASSISTÊNCIA MULTIDISCIPLINAR PARA MULHERES PRIVADAS DE LIBERDADE NO INSTITUTO PENAL FEMININO DE PORTO ALEGRE
Nicoli Amábile Maciel da Silva, Eduarda Nasiniak Marcuzzo, Laura Burtet, Gabriela De Mello Favero

Última alteração: 10-11-2025

Resumo


O bem-estar emocional de mulheres privadas de liberdade representa um desafio negligenciado, frequentemente agravado pela precariedade estrutural do sistema prisional e pela ausência de ações com enfoque de gênero. Este relato apresenta os resultados de uma ação baseada em pesquisa-ação, idealizada na disciplina de Políticas Públicas e Gestão em Saúde e aplicada na disciplina de Práticas Interdisciplinares. O projeto foi realizado no Instituto Penal Feminino de Porto Alegre (IPFPOA), que objetivou promover o bem-estar e contribuir para o equilíbrio emocional das participantes. A metodologia envolveu uma sequência de seis encontros interdisciplinares com cerca de 20 internas, incluindo palestras sobre espiritualidade, sexualidade, direitos no cárcere e saúde da mulher, além da leitura de trechos do livro "O Pequeno Príncipe" e dois momentos avaliativos. Docentes e profissionais das áreas de Psicologia, Direito, Teologia e Enfermagem conduziram as atividades, com o apoio de acadêmicas de Medicina. Para a coleta de dados, foram aplicados questionários antes e após cada encontro com escalas de 1 a 10 para avaliar a percepção de bem-estar, a ansiedade e o impacto da atividade. A análise dos dados demonstrou resultados significativos, como uma redução média de 40% nos níveis de ansiedade e um aumento na percepção de bem-estar e na valorização pessoal. As atividades mais eficazes, segundo os dados obtidos, foram as rodas jurídicas, as oficinas artísticas e as conversas sobre espiritualidade e sexualidade. Apesar dos avanços, algumas internas relataram a persistência de sofrimento emocional e apontaram carências estruturais, como a falta de insumos de higiene e de apoio psicológico contínuo. Conclui-se que práticas interdisciplinares, pautadas na escuta ativa, linguagem acessível e abordagens humanizadas, contribuem de forma relevante para o autocuidado e a ressocialização, reforçando a urgência de políticas públicas focadas nas especificidades femininas dentro do sistema prisional.

Palavras-chave: Bem-estar emocional; Cárcere feminino; Práticas interdisciplinares; Humanização; Ressocialização.


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