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O presente trabalho relata uma intervenção psicossocial desenvolvida no Abrigo Municipal Novos Horizontes, em Gravataí/RS, voltada à análise dos atravessamentos institucionais que influenciam o cotidiano dos profissionais que atendem as pessoas em situação de rua. A pesquisa-intervenção, fundamentada na Análise Institucional de Baremblitt (2002), envolveu oito encontros presenciais com observação participante, escuta coletiva e devolutivas em grupo junto à equipe técnica. As intervenções se estruturaram como espaços de reflexão sobre os modos de funcionamento do abrigo e sobre as tensões entre cuidado e controle presentes nas práticas cotidianas. Foram utilizadas rodas de conversa, discussão de analisadores e compartilhamento de vivências, promovendo deslocamentos no olhar dos trabalhadores sobre si, sobre o outro e sobre o próprio fazer institucional. A experiência permitiu a emergência de falas antes silenciadas, favorecendo a construção de vínculos, o reconhecimento de sobrecargas e o fortalecimento da coesão grupal. Observou-se que, ao abrir espaço para a análise das implicações e das contradições do cotidiano, os participantes puderam ressignificar suas práticas, transformando conflitos em aprendizado coletivo. Como resultado, emergiram movimentos instituintes voltados à escuta mais empática dos usuários, à valorização da função educativa dos orientadores e à ampliação da visão crítica sobre o papel social do abrigo. A intervenção evidenciou o potencial da Psicologia em promover processos de conscientização e transformação institucional, reafirmando seu compromisso ético com a dignidade, o reconhecimento e a cidadania dos sujeitos em vulnerabilidade.

Palavras-chave:  intervenção psicossocial; análise institucional; vulnerabilidade social; práticas instituintes; transformação institucional.