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INTOXICAÇÃO POR ALDICARB E MERCÚRIO EM UM CÃO: UMA ANÁLISE CLÍNICO-PATOLÓGICA E TOXICOLÓGICA
Isabela Rodrigues Marques, Laura Martins Cezimbra

Última alteração: 15-11-2025

Resumo


A intoxicação exógena é uma causa significativa de mortalidade em animais de companhia, entretanto a co-intoxicação por agentes com mecanismos de ação distintos são raros na literatura. O presente estudo visa relatar e analisar os achados clínico-patológicos de um caso de co-intoxicação por aldicarb e mercúrio em um cão, discutindo a fisiopatologia do quadro. Uma canina da raça Labrador, de cinco anos, foi atendida quatro dias após a ingestão acidental de conteúdo desconhecido, apresentando letargia, sialorréia, tenesmo, melena associada à hematêmese intensa. Em relação aos exames laboratoriais, houve elevação na contagem total de leucócitos (de 5.500 para 13.400/mm³), que, embora ainda dentro do intervalo de referência para a espécie, representa um aumento clinicamente significativo, refletindo a resposta inflamatória sistêmica do organismo à necrose tecidual. A paciente desenvolveu uma trombocitopenia severa, com uma queda de mais de 60% na contagem plaquetária (de 352.000 para 133.000/mm³), justificando os sinais clínicos de hemorragia gastrointestinal ativa, uma vez que a causa mais provável é o consumo e, possivelmente, uma falha na produção plaquetária. Os marcadores de função renal apresentaram uma elevação progressiva, refletindo uma azotemia indicativa de lesão renal aguda e grave, com a uréia partindo de 30 mg/dL para 126 mg/dL e a creatinina elevando-se de 1,15 mg/dL para 5,52 mg/dL. Apesar dos sinais clínicos de hemorragia ativa e da trombocitopenia, o eritrograma não apresentou alterações significativas, o que pode ser explicado pela hemoconcentração secundária à desidratação. Uma vez que o hematócrito não teve seu valor reduzido, a severa hipoproteinemia (de 7 para 4 g/dL) pode ser explicada por uma falha aguda na síntese hepática. Apesar da terapia intensiva, a paciente veio a óbito. O exame necroscópico revelou achados macroscópicos compatíveis com as alterações laboratoriais, incluindo icterícia generalizada, hemorragias multifocais, edema pulmonar e ascite serossanguinolenta. A histopatologia foi conclusiva para necrose hepática centrolobular aguda, lesão característica de toxinas de ação aguda. O painel toxicológico, por sua vez, confirmou a presença de aldicarb (108,346 μg/kg) e mercúrio (0,060 mg/kg) no conteúdo estomacal, demonstrando a complexidade desta co-intoxicação e destacando os desafios terapêuticos na ausência de um diagnóstico etiológico definitivo. O caso também ressalta o papel essencial da necropsia e do painel toxicológico em contextos clínicos e forenses.

Palavras-chave: Intoxicação exógena; Aldicarb; Mercúrio; Toxicologia; Necropsia.




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