Portal de Eventos da ULBRA., XXII SALÃO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA

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O Instituto Nacional de Cinema e a Construção do Homem Novo em Moçambique (1975-1986)
Pedro Oliveira Barbosa, Marçal de Menezes Paredes

Última alteração: 19-09-2016

Resumo


O Instituto Nacional de Cinema de Moçambique foi fundado em 1975 sendo o segundo ato do Governo de Samora Machel, primeiro presidente do país independente. Sua função era subsidiar a construção do “Homem Novo” em Moçambique, projeto liderado pelo presidente e que tinha como objetivo criar uma sociedade socialista, homogênea e livre do tribalismo e do colonialismo burguês em todas as instâncias. Alguns dirigentes do partido FRELIMO acreditavam que a cultura tinha um papel central nessa construção. Assim, o cinema produzido pelo Instituto passou a ter um forte caráter de propaganda com obras como "Maputo Mulher" (1984), "O Tempo dos Leopardos" (1985), "25" (1977) e "Mueda, Memória e Massacre" (1981). A produção do Instituto foi intensa durante sua primeira década tanto em ficções quanto em documentários e cinejornais. Sua decadência, entretanto, deu-se junto a decadência desse governo no final da década de 1980. Sua influência no cinema nacional, entretanto, continua existindo até os dias atuais. O objetivo dessa pesquisa é compreender como se deu essa propaganda do Homem Novo no cinema e reconstituir cronologicamente a trajetória do instituto, bem como observar a herança do projeto no cinema nacional nos períodos posteriores. O enquadramento teórico-metodológico busca agregar duas frentes diferentes, a saber: i) o campo de análise das nações e dos nacionalismos – tendo em foco o caso moçambicano em particular – através dos contributos de autores como Chabal (2002), Chichava (2008) Macamo (2002) e Paredes (2014); ii) para tratar dos recursos cinematográficos, das referências da Nova História Cultural a partir das obras de Marc Ferro (1976; 1985; 1992) e Pierre Sorlin (1977; 1993; 1996), que a partir de conceitos como Semiótica, Representação Histórica e Discurso Histórico auxiliam na análise fílmica. É possível concluir que o cinema foi uma importante máquina de propaganda do Estado que a partir da construção da imagem de um herói que sofre transições e que adquire engajamento e consciência coletiva, traduziu todo o ideal de Homem Novo para a população. Conclui-se também que esse modo de fazer cinema deixou uma herança até hoje relevante no cinema moçambicano.

Palavras-chave


História da África; História de Moçambique Pós-Colonial; Instituto Nacional de Cinema de Moçambique; Homem Novo em Moçambique; Cinema de Propaganda.

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